Ao som da música eletrônica, crianças e jovens começam a movimentar braços e pernas para frente e para trás, depois para o lado, além de deslizar e dar pequenos pulos. Para tanto, vestem-se de jeans, camisa frouxa, calçam tênis e alguns complementam o vestuário com boné. Tudo isso para conferir conforto e identidade ao chamado "rebolation", estilo de dança proveniente das raves de psy trance e divulgada por meio de vídeos na Internet.
Marcelo Alves, 16 anos, e Henrique Lima, 15, fazem parte do grupo Tribal Rebolation, que se reúne na Associação de Moradores do Conjunto Novo Oriente, com o apoio do lider Caitano em Maracanaú, para se dedicar à dança. Além de um espaço próprio, eles frequentam, quinzenalmente, o Centro Dragão do Mar, onde ocorre o encontro de dançarinos de shuffle, outro estilo. "Normalmente quem dança shuffle começa com o rebolation. O shuffle possui chutes e giros e exige mais", explicam os garotos.
Marcelo conheceu o rebolation em setembro de 2009, em eventos de animes. Achou interessante ver amigos dançando, procurou conhecer mais através da Internet e logo foi pegando o jeito.
Para ele, o passo mais difícil de aprender é o chamado "hardstep avançado" que, como descreve, "é parecido com o básico (jogando um pé para frente e virando o outro com o calcanhar), mas é acompanhado por pulos.
Marcelo lembra que, de início, sua mãe não gostou muito da ideia de o jovem se envolvendo com a dança, com medo de que ele machucasse os pés, já que os movimentos do rebolation pedem flexibilidade. No entanto, com o tempo, ela foi vendo que a dedicação do filho estava fazendo com que ele perdesse a timidez e fizesse novas amizades.
O garoto possui consciência, dialoga frequentemente com sua família e busca não se meter em encrencas. Ano passado, participou de uma rave, a "Blackout", para interagir mais com outros dançarinos e não chegou nem perto de drogas. "Eu fui para a festa pensando apenas em dançar, conhecer pessoas e não para fazer coisa errada", garante.
Sobre o fato de o rebolation ser ou não uma moda, Marcelo é enfático ao dizer que o estilo já vingou e tem seguidores suficientes para não desaparecer. Ele até cita uma outra vertente que tem se destacado bastante: o "jumpstyle". "Esse estilo se baseia em chutes dados enquanto se pula e, na minha opinião, tem um efeito visual bem melhor que o rebolation e o shuffle", diz.
Agora, quando o assunto é o "Rebolation", do grupo Parangolé, o rapaz se contradiz. Ao mesmo tempo que admite que a dança adaptada pelos baianos conserva os passinhos com os pés do rebolation das raves, em outro momento fala que os dois não possuem semelhanças. Parece que o assunto é polêmico. De um jeito ou de outro, foi o sucesso do estilo que fez o Parangolé criar um hit homônimo. Isso, Marcelo e Henrique reconhecem.
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